Nos 10 anos que compreenderam 2004 e 2013, o PIB da construção civil no Brasil apresentou decréscimo em apenas dois deles: 2005 e 2006. Também nesse período, por seis anos, o PIB do setor foi maior do que os próprios índices do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Desde 2013, no entanto, o segmento amarga números negativos. No primeiro trimestre deste ano, também registrou queda de 2% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em Caxias do Sul ontem (12/08), onde palestrou na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), o presidente da CBIC, José Carlos Martins, reconheceu a fase difícil do setor, que, segundo ele, é essencial para a própria recuperação da economia do país.
“O Brasil não vai sair desse buraco se não for via construção civil, que tem a capacidade de gerar emprego, capacidade rápida de dar resposta. Pela capacidade e pelo tamanho da cadeia produtiva, que envolve 62 outros setores. Quando coloco um imóvel na rua, estou vendendo cachorro quente, caminhão, pneu, é um mundo de coisas. Mas no momento, somos diabéticos em uma loja de doce”, comentou Martins.
Embora tenha elogiado as intenções e propostas de reforma do governo federal, na opinião de Martins, somente com a criação de programas e estímulos para os setores produtivos é que o país poderia retomar a estabilidade econômica.
Entre as necessidades do setor, ele aponta como possíveis soluções a retomada de obras paralisadas, a melhoria de crédito imobiliário e um novo programa habitacional. Também critica a suposta burocratização dos processos e a rigidez de órgãos fiscalizatórios.
“O Brasil virou uma grande repartição. Hoje você não consegue a assinatura de ninguém porque ele morre de medo pelo terrorismo que foi implantado através de mecanismos como licenciamento ambiental, controle, órgãos de fiscalização, Ministério Público. Não é que eles não possam existir, só que o terrorismo que foi criado impede que o Brasil avance”, ressalta.
Martins afirmou depositar confiança no Governo Bolsonaro.
“Esse governo, de alguma forma, tenho boa impressão. Tem muita boa vontade, idealismo inacreditável”, elogiou.
Ainda assim, apesar de exaltar a iniciativa de encaminhar as reformas, ele ressaltou que tudo vai depender do “dia seguinte”, ou seja, de como a economia irá se comportar diante das mudanças.
Obras públicas paradas
Martins também apontou a necessidade de retomada do grande número de obras públicas paradas no país. Com base em dados do governo federal, há quase 4,7 mil obras interrompidas no País atualmente.
“Foram investidos R$ 70 bilhões (nessas obras), que estão se deteriorando ao tempo. Precisaria de R$ 40 bilhões para terminar, quem seria louco de achar que o Estado tem esse recurso? É óbvio que precisa de parceria público-privada. Só essas 4,7 mil obras gerariam 500 mil empregos diretos e 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos”, afirmou.
Obras paradas
•669 obras paralisadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
•38% são obras até R$ 500 mil
•13% acima de R$ 15 milhões
•36% das obras são UBS
•20,8% são creches e pré-escolas
•11% (548 obras) na Região Sul
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